terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sócrates vs Selecção: contas finais


As semelhanças entre José Sócrates e a Selecção Nacional começam a ser por demais evidentes. Ambos mostram trabalho, mas demoram a concretizar resultados. Ambos dependem de terceiros para garantir o apuramento para o Governo e para o Mundial, respectivamente. José Sócrates, que até começou bem, insiste em acções populistas que vêm prejudicando a sua imagem. A Selecção, que começou bastante mal, começa a garantir, a custo, alguns pontos, que no final se podem vir a revelar essenciais. José Sócrates, que conquistou há quatro anos uma aura de salvador, acima de qualquer suspeita, foi coleccionando escândalos que vêm denegrindo a sua imagem e reputação. A Selecção, que vinha com fama de uma das melhores do mundo, herdada de Scolari, começa a fazer lembrar a velha Selecção, sonhadora mas quase sempre afastada das fases finais. José Sócrates, que há cerca de dois anos todos lhe atribuiriam uma nova maioria absoluta, corre o risco de nem chegar a vencer. A Selecção, que aquando do sorteio da fase de qualificação todos dariam como presença confirmada na África do Sul, começa a ver muito longe essa realidade que se tornou sonho. José Sócrates, que via em Manuela Ferreira Leite uma concorrente à medida de uma vitória gorda, começa a ver na líder do PSD um sério problema que ameaça a sua continuidade como primeiro-ministro. A Selecção, que via em Carlos Queiroz o garante de um trabalho sustentado e de qualidade, começa a ver no seleccionar nacional o reflexo de um erro de casting que o pode afastar do mais importante evento do futebol mundial. Sócrates e a Selecção têm um penoso caminho pela frente. Ambos podem ainda ter sucesso, mas nenhum deles sairá em glória das suas corridas.

RVF

1 comentário:

Anónimo disse...

Um texto particularmente feliz que remata, de uma penada, os actuais panoramas político e desportivo, que em nada enobrecem a imagem deste país.
EC