As pessoas incomodam-me. Incomoda-me a mentira, a traição, o cinismo. Incomodam-me os barulhinhos de boca, os fungares de nariz, os perdigotos. Incomoda-me também o ressonar e o som do cortar de unhas. Incomoda-me as buzinas sem razão, que me ultrapassem pela direita, que me digam que errei quando não o fiz ou que estou mais gordo quando não o estou. Incomoda-me que não sejam pontuais. Incomoda-me que me impinjam o que não quero. Incomodam-me, simplesmente. Incomoda-me o pessimismo e a ingratidão. Incomoda-me ainda que digam por mim o que eu não penso ou que digam aos outros o que eu não disse. Incomoda-me a pobreza e ainda mais a preguiça. Incomoda-me o fatalismo e o agoirar. Incomoda-me o gosto pelas más notícias, pela desgraça, pela crise. Incomoda-me a inércia. Incomoda-me que se viva incomodado pelo país que temos. Porque uma coisa é certa: raramente me incomodo.
RVF
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Peço desculpa pelo incómodo
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