Uma questão de foco

Depois do crime, a crise. Parece que os media nacionais adoptaram uma “tematização” por temporada que vai colorindo edição após edição. Se em Agosto último valia tudo por um bom assalto a gasolineira, de preferência com caixas ATM às costas e muitas testemunhas; agora é ver quem dá mais por um qualquer quiosque falido, de preferência com um ou mais sindicalistas a dar o seu testemunho emocionado. Convenhamos: nem em Agosto o país estava a saque; nem agora está falido. Já sabemos que é disso que o povo gosta, mas em tempos de crise não será muito mais notícia o sucesso e o investimento? O país está mal, todos o vêem. Mas de norte a sul não faltam “estórias” de liderança e inovação que seriam um forte estímulo para quem deixou de ter a esperança como prato principal. Continuam a existir empreendedores, continuam a existir empregadores, continua a haver inovação. O que falta? Falta um foco editorial na solução e não no problema. Se todos podem ter um papel activo na (mais que nunca) aguardada retoma, os media podem desempenhar aqui o papel de protagonista, sem que com isso fujam aos princípios e requisitos de notícia. E tudo uma questão de foco…

RVF