quinta-feira, 26 de março de 2009

Será um pormenor?


Já estão apurados os resultados da 46ª edição da Sonda Central de Informação / Meios & Publicidade (um projecto pioneiro em Portugal, lançado pela Central, em parceria com o Meios). Este mês, a questão que trouxemos para debate foi a possibilidade dos jornalistas poderem ter acções de empresas e ao mesmo tempo escreverem sobre elas ou sobre os sectores a que pertencem. Há ou não conflito de interesses? Na opinião do painel de chefias jornalísticas, os jornalistas não devem ser proibidos de comprar. Parece-me o melhor dos dois mundos, e ainda mais numa classe tão atenta a desvios e abusos em todos os quadrantes da sociedade. Dizia Rui Neves, do Jornal de Negócios, no comentário a esta edição (publicado amanhã, no Meios), que “os jornalistas têm um manifesto interesse em ver conflitos de interesses noutras actividades profissionais”, mas “quando é a sua actividade que está em jogo, assobiam para o lado”. Este facto fica ainda mais claro, quando na última questão admitem que o tema deveria ser mais discutido “de forma a criar um padrão ético no sector”. Convenhamos. Não faz sentido um jornalista, que tem o poder de influenciar o mercado, poder lucrar (literalmente) com o resultado do seu trabalho. A legitimidade de vigilância social e económica da classe só faz sentido com uma conduta exemplar e imaculada dos seus profissionais. Ou será um pormenor?


RVF

1 comentário:

Mário Barros disse...

Como diz o velho adágio, "pregas bem, Frei Tomás!". É o velho problema de haver gente sem preparação cultural, educacional e académica, a ganhar pouco, com grande poder de influência. De facto: devia haver uma esterilização rigorosa.