Continuo sem entender o tratamento diferenciado que é dado aos fotojornalistas no que respeita à isenção face a empresas e instituições. Por que razão pode um repórter fotográfico fazer trabalhos de fotografia institucionais ou de produto para empresas? Pelo menos, por razão ninguém contesta? A questão é simples e, a meu ver, pertinente: o motivo pelo qual um jornalista não pode ter relações comerciais com empresas ou instituições é a preservação da sua isenção editorial. Pois bem, e no caso dos fotojornalistas isso não se coloca? Como pode um editor de fotografia decidir em consciência sobre duas imagens de uma empresa, se nos tempos livres esse mesmo editor faz trabalhos de fotografia para a companhia em questão? Vamos supor que se trata de um escândalo financeiro. Ao escolher a imagem, o referido editor optará por aquela em que se lê o nome da empresa ou pela outra mais genérica onde apenas se vê o edifício? E se for uma peça sobre o sector, em que são referidas várias empresas? Escolhe a do seu “cliente” ou a do concorrente? Não faz sentido. Pelo poder que a imagem tem na área editorial, os fotojornalistas têm que seguir as mesmas regras éticas dos jornalistas, sob pena de se criarem nos meios portas de entrada para condutas desviantes. E a ver pela promiscuidade desta área, parece-me que existem algumas portas bem escancaradas...
RVF
RVF

3 comentários:
À mulher de César...
Edgar Correia
...não basta sê-lo, é preciso parecê-lo.
Abr.
RVF
É suposto, em nome do código ético e deontológico da profissão, um jornalista não ter relações comerciais com empresas ou instituições. Todavia, e como todos sabemos, nem sempre essa é a realidade. Há bons e maus exemplos, como em tudo na vida. Há quem apregoe isenção e pratique exactamente o contrário. E há quem mantenha efectivamente a isenção editorial (sem necessitar de a anunciar publicamente). No caso dos repórteres fotográficos e de imagem, concordo que o busílis da questão é exactamente o mesmo. Uma fotografia ou um enquadramento televisivo podem e fazem toda a diferença, nomeadamente numa situação de crise…
EC
Enviar um comentário