quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Há ou não pressões?

Nos últimos dias muito se tem falado em jornais e blogues sobre eventuais pressões, mais ou menos legítimas, aos órgãos de comunicação social. A discussão parece-me um pouco tonta, tendo claramente de ser balizada na definição da palavra “pressão”. O que é afinal pressão? Estamos a falar de tentar convencer jornalistas a não publicar determinadas matérias? Há ameaças? Há ameaças concretizadas? São apenas telefonemas? Há intimidação? A verdade é que nada disto é muito claro. Parece-me haver em Portugal tentativas de controlo, embora sem passar disso mesmo. Em Novembro de 2007 lançamos ao painel da Sonda esta mesma questão, tentando perceber se o actual Governo de José Sócrates pressionava os meios. Setenta por cento referiu que “sim”, embora “pontualmente”. Apenas cinco por cento disse “não”. Os resultados mostram aquilo que me parece ser a realidade. Há contactos, mas que não extravasam as “regras do jogo”. Até porque muitas vezes são os próprios jornalistas que “abrem a porta” a possíveis ingerências. E na dúvida... tenta-se. Curiosamente, na mesma edição da Sonda, perguntamos ao painel se alguma vez tinha sido alvo de algum tipo de pressão por parte deste Governo. Aí as respostas foram ainda mais esclarecedoras: 87 por cento disse “nunca”, o que revela o nível de propagação destas mesmas pressões (relembre-se que o painel é constituídos por jornalistas de meios nacionais em cargos de chefias). Uma coisa é certa: os meios em Portugal continuam isentos a pressões do Governo, porque é essa a imagem que os mesmos governos querem passar. Diria que as maiores pressões vêm mesmo do mundo económico. E essa poderá ser a maior fragilidade do poder dos media em Portugal...

RVF

1 comentário:

Anónimo disse...

E quem acaba por controlar o poder político? O poder económico. Pode não ser de forma ostensiva, antes de forma velada. Mas lo hay...

Edgar Correia