quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ganhar à Bósnia sem CR9


Tudo bem que o jornal é gratuito. Tudo bem que a redacção é pequena. Tudo bem que o homem até está de costas. Tudo bem que o número é o mesmo. Tudo bem que ele até nem vai jogar. Tudo bem que os dois têm o mesmo nome. Tudo bem que a Selecção por vezes até joga de branco. Tudo bem que em qualquer dos casos se trata de um grande jogador. Tudo bem que até pode ter passado despercebido à maioria dos leitores. Mas caramba… o Ronaldo na capa do Metro de hoje não é o nosso CR9.

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PR em fora-de-jogo?

Hipótese 1: Setembro de 2010. Ressaca de mais um Porto-Benfica no Dragão. Há um jornalista que descobre que o árbitro nomeado andou toda a semana anterior a treinar os portistas a técnica do fora-de-jogo e a simulação de penáltis. Isto pesar da magnífica actuação do árbitro durante todo o encontro. Por acaso o jogo terminou empatado.

A ser possível o cenário acima, como se seria a reacção dos adeptos do Benfica? E dos comentadores? Calculo que muito má. Imagine agora um cenário parecido, mas na política.

Hipótese 2: Setembro de 2009. Véspera de eleições legislativas. O partido no poder desconfia que o Presidente da República deu uma ajuda na elaboração do programa eleitoral do maior partido da oposição. A ser pouco plausível um cenário de empate, como estará a isenção do Presidente em possíveis situações de mediação política? Calculo que muito má.

Por isso mesmo, e bem da “refrigeração” da democracia, esperemos que os dois cenários especulativos não passem disso mesmo. Pesadelos de um Outono de Verão.

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Legislativas 2009

Ganhe quem ganhar, ninguém terá razões para festejar.

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sócrates vs Selecção: contas finais


As semelhanças entre José Sócrates e a Selecção Nacional começam a ser por demais evidentes. Ambos mostram trabalho, mas demoram a concretizar resultados. Ambos dependem de terceiros para garantir o apuramento para o Governo e para o Mundial, respectivamente. José Sócrates, que até começou bem, insiste em acções populistas que vêm prejudicando a sua imagem. A Selecção, que começou bastante mal, começa a garantir, a custo, alguns pontos, que no final se podem vir a revelar essenciais. José Sócrates, que conquistou há quatro anos uma aura de salvador, acima de qualquer suspeita, foi coleccionando escândalos que vêm denegrindo a sua imagem e reputação. A Selecção, que vinha com fama de uma das melhores do mundo, herdada de Scolari, começa a fazer lembrar a velha Selecção, sonhadora mas quase sempre afastada das fases finais. José Sócrates, que há cerca de dois anos todos lhe atribuiriam uma nova maioria absoluta, corre o risco de nem chegar a vencer. A Selecção, que aquando do sorteio da fase de qualificação todos dariam como presença confirmada na África do Sul, começa a ver muito longe essa realidade que se tornou sonho. José Sócrates, que via em Manuela Ferreira Leite uma concorrente à medida de uma vitória gorda, começa a ver na líder do PSD um sério problema que ameaça a sua continuidade como primeiro-ministro. A Selecção, que via em Carlos Queiroz o garante de um trabalho sustentado e de qualidade, começa a ver no seleccionar nacional o reflexo de um erro de casting que o pode afastar do mais importante evento do futebol mundial. Sócrates e a Selecção têm um penoso caminho pela frente. Ambos podem ainda ter sucesso, mas nenhum deles sairá em glória das suas corridas.

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

“Portugal é um grande BPN”

Não sou eu que digo, mas assino por baixo. As entrevistas de Medina Carreira são sempre ricas em frases fora da caixa, fora do sistema. A de ontem, à SIC Notícias, não fugiu à regra. Com um entrevistador à toa, Carreira resumiu numa frase o que todos já viram mas que ninguém quer admitir: "Portugal é um grande BPN". Será este pequeno país ingovernável?

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

De mão em mão…


Os últimos tempos têm sido marcados por uma pandemia de notícias sobre o H1N1. Televisões, rádios e jornais fazem balanços diários da evolução da gripe, sem que, mesmo assim, os portugueses se apercebem da verdadeira dimensão do problema. Para já, e com pouco mais de 600 casos registados (a esmagadora maioria já tratados), Portugal continua a ser um local relativamente seguro, não havendo, aparentemente, motivos para pânico. Mas se olharmos para o lado, onde em Espanha a doença já causou 10 mortos e avança a um alucinante ritmo de 12 a 16 mil novos casos por semana, o problema pode não ser assim tão ligeiro. E ainda mais se pensarmos que Setembro e Outubro marcarão uma nova fase da doença, precisamente numa época de regresso à escola. Pergunto: com o possível encerramento de muitos estabelecimentos de ensino (principalmente infantários e escolas do ensino básico) como farão os portugueses (as mães portuguesas) para trabalhar? Como fará a economia nacional para não abrandar ainda mais? Por isso mesmo estranho a ausência de uma campanha massiva de mudança (temporária) de hábitos. Não tenho dúvidas que muito do trajecto da doença se fará por via de apertos de mão e beijos de cumprimento. Não fará sentido apelar a um corte temporário em todos os contactos físicos “desnecessários”? Já sei que convencer os políticos a abdicar das feiras e beijinhos não é de todo viável, mas fará sentido a generalidade dos portugueses manter um hábito que pode acelerar rapidamente a transmissão da doença? Ou será necessário começar a morrer gente?

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terça-feira, 28 de julho de 2009

Schiuuuu… O povo está feliz!


Os motores estão a abrandar. Agosto entra a passos largos na agenda dos portugueses e com ele o aquecimento para um mês de grande agitação eleitoral. Serão 60 dias de impasse, à espera que algo mude, que o país mude, que alguém mude o país. No entretanto, uma gripe que se diz pandémica ameaça esfriar relações e retirar o “glamour” das arruadas de campanha. Autárquicas à parte, até porque não é daí que vem o mal ao mundo, as próximas eleições legislativas arriscam-se a ser um “do mal o menos”. Para os descrentes em Sócrates a opção é tudo menos risonha; para os descrentes na consistência do PSD, a alternativa é tudo menos consistente. O país pára dois meses, mas tem na mira um arranque desajeitado, ameaçado por luvas, fraudes e burlas. Um Verão longe de ser azul e que nos empurra ainda mais para o vermelho. Teremos solução? Concentremo-nos nos aspectos positivos. Sim, porque há sempre aspectos positivos. O Benfica tem ganho mais, o Porto está no pódio das vendas do defeso, Liedson está mais perto da Selecção. O povo está feliz! Afinal de contas… é disto que ele mais gosta.

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson: a notícia não tem horas


“O Rei da POP”. É assim que a grande maioria dos meios se referem a Michael Jackson nas edições de hoje. A maioria porque nem todos tiveram agilidade para o fazer. Olhando para as capas dos principais diários percebe-se um “fecho de loucos” nas redacções do JN, Público, 24 horas e I, agilidade QB no DN e muita preguiça no Correio da Manhã. Há temas de interesse discutível, mas a morte de Jackson não será seguramente um deles. Uma notícia que desde ontem bombardeia rádios, TV’s e Internet e que só é comparável à morte de Diana ou ao 11 de Setembro. Não a incluir na capa de hoje – mesmo sabendo que “rebentou” depois das 23h00 –, é revelar pouco respeito pelo leitor. A opção do DN retira margem a quem resolveu passar ao lado da matéria. E quem o fez teve que passar a vergonha de se mostrar em banca sem uma das notícias da década. Melhores dias virão.


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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Suave, humilde e modesto


Na véspera das Europeias escrevi na página do Facebook a seguinte frase: “Europeias: castigar agora o PS é forçar uma mudança fingida até às legislativas”. Ao olhar para a capa do DN de hoje tive uma sensação estranha. Conheço o senhor da imagem, mas não lhe reconheço estes atributos…

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eleições: o poder da imagem


Em épocas de eleições é normal cada um de nós, mais ou menos fundamentado e preparado para o efeito, fazer uma análise crítica às imagens das campanhas. Ou “a fotografia não o favorece”, ou “a escolha da cor é infeliz”, ou o “headline é delicioso”. O certo é que antes de os resultados finais serem divulgados todos temos um prognóstico de acordo com a imagem de cada um. Fazendo esse exercício sobre as Europeias, e de acordo com os muitos comentários que se ouviram, os resultados de uns deitam por terra as teorias sobre outros. Passo a explicar: se a reacção negativa aos “fantasmas” do PS (utilizados na resenha histórica dos marcos da Europa) podem justificar os resultados obtidos pelo Partido Socialista, a “pobreza” do “Está na Hora” bloquista revela-se uma surpresa à luz dos três eurodeputados eleitos. Do mesmo modo, poder-se-á justificar a subida social-democrata com a evolução da campanha, de uma líder no call center para um cabeça de lista de imagem forte e que ainda por cima assinava por baixo (e diga-se a este respeito que a esta última fase da campanha PSD obteve os mais rasgados elogias dos designers com quem falei). Mais abaixo, duas notas: a aposta de Portas a apelar ao voto mostrou que por vezes vale a pena ser directo; e a imagem já gasta dos suportes CDU começa a mostrar para fora o que o partido começa a ser por dentro: um "conjunto" antigo que vê no Louça a ganhar à esquerda e ao centro esquerda a imagem da sua modernização nunca feita. Moral da história: a imagem das campanhas vale o que vale, desde que suportada com qualidade ideológica e de retórica. Caso contrário, não há agência que lhes valha…

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Que políticos… somos?


Em vésperas do primeiro embate eleitoral do ano, é interessante reflectirmos sobre a qualidade da política (e dos políticos) nacionais. É comum ouvirmos críticas à falta de qualidade e seriedade de quem nos representa. O absentismo na Assembleia da República, o baixo nível nos debates parlamentares, a falta de qualidade das propostas apresentadas. Não acredito na teoria do azar. Não acho que Portugal tenha assim tão pouca sorte para ano após ano nos “saírem” os piores na representação política. Acho apenas, e tão simplesmente, que a política e os políticos nacionais são o reflexo fiel do país e das pessoas que temos. Eles são fracos porque também é fraca a qualidade generalizada dos profissionais portugueses. E se alguns se destacam, é porque nas empresas e no país há também quem se destaque, quem inove, quem trabalhe. É tudo uma questão de proporção.

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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Web: Central de Informação em 2º lugar


No ranking das agências de comunicação a operar em Portugal, com sites nacionais, o da Central de Informação é o segundo mais visitado. Os números são da responsabilidade da Alexa, uma empresa de informação Web, pertencente ao Grupo Amazon. À frente da Central está apenas a LPM, abaixo, e por ordem decrescente, a GCI, a Lift, a Youngnetwork e a Cunha Vaz. Sendo esta a forma mais independente de se auditar o tráfego de Internet, estes números revelam o sucesso da aposta da Central nas ferramentas Web. A todos que nos visitam diariamente – jornalistas, fornecedores, parceiros de negócios, clientes, colaboradores, potenciais colaborares e público em geral – o nosso muito obrigado.

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

O que falta ao Porto?


Questiono-me várias vezes sobre a falta da ambição e de coragem da cidade do Porto. Questiono-me, principalmente, porque conheço a sua força e o seu valor. Conheço as suas empresas, as suas pessoas. Não entendo porém por que se verga e se envergonha. E isto acontece um pouco por todas as áreas, à excepção do futebol. Percebo que Lisboa tenha mais força, tenha mais gente, tenha mais poder. Percebo que seja a capital, que lidere em muitas áreas, que projecte a nossa imagem no exterior. Percebo que seja sede do Governo, que tenha um cartaz cultural mais forte, que tenha um orçamento maior. Mas tudo isto não deve fazer desvanecer o peso do Porto. Não deve fazer desvanecer, internamente, o peso do Porto. Porque me parece que este é um problema muito mais da forma como a cidade se vê do que como o país vê a cidade. Na área da comunicação, por exemplo, quantas são as empresas que conseguem ganhar grandes contas? Diria que, à excepção da Central de Informação, o panorama é desolador. Contratar fora é uma forma de se ser mais nacional e de não se assumir um bairrismo que incomoda a quem tem horizontes mais latos. Temos feito (Central de Informação), também neste capítulo, um trabalho fulcral de inversão de políticas centralizadoras. Temos mostrado que é possível ser-se nacional estando sediado no Porto (embora com delegação em Lisboa) e que é possível conquistar as grandes contas, e ser-se inovador, e ser-se eficaz, mesmo com a principal estrutura a Norte. E isso, inevitavelmente, tem-nos feito crescer em Lisboa, com clientes também no Algarve, em Torres Vedras, em Madrid. E é por isso que acho que o Porto (tal como Barcelona, Manchester ou Milão) tem que saber tirar partido de ser a número dois e assumi-lo com o charme e encanto que todos reconhecem à cidade. É isso que fará o Porto atingir o papel que perdeu e que parece não saber (ou querer) encontrar. Da nossa parte, continuaremos a trabalhar nesse sentido. Para que a partir do Porto a Central de Informação seja um exemplo de inovação e reinvenção do sector.

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quinta-feira, 26 de março de 2009

Será um pormenor?


Já estão apurados os resultados da 46ª edição da Sonda Central de Informação / Meios & Publicidade (um projecto pioneiro em Portugal, lançado pela Central, em parceria com o Meios). Este mês, a questão que trouxemos para debate foi a possibilidade dos jornalistas poderem ter acções de empresas e ao mesmo tempo escreverem sobre elas ou sobre os sectores a que pertencem. Há ou não conflito de interesses? Na opinião do painel de chefias jornalísticas, os jornalistas não devem ser proibidos de comprar. Parece-me o melhor dos dois mundos, e ainda mais numa classe tão atenta a desvios e abusos em todos os quadrantes da sociedade. Dizia Rui Neves, do Jornal de Negócios, no comentário a esta edição (publicado amanhã, no Meios), que “os jornalistas têm um manifesto interesse em ver conflitos de interesses noutras actividades profissionais”, mas “quando é a sua actividade que está em jogo, assobiam para o lado”. Este facto fica ainda mais claro, quando na última questão admitem que o tema deveria ser mais discutido “de forma a criar um padrão ético no sector”. Convenhamos. Não faz sentido um jornalista, que tem o poder de influenciar o mercado, poder lucrar (literalmente) com o resultado do seu trabalho. A legitimidade de vigilância social e económica da classe só faz sentido com uma conduta exemplar e imaculada dos seus profissionais. Ou será um pormenor?


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quarta-feira, 25 de março de 2009

Foi penálti!


Foi mesmo penálti. Foi, que eu vi. E mesmo em câmara lenta não tive dúvidas. Escândalo seria não assinalar. O árbitro esteve bem, assim como os auxiliares. Não há reclamação possível. Um lance limpo, cortado com o braço. Fico é admirado com o rebuliço que se gerou a seguir. Tanta conversa, tanta argumentação. Para quê? Para fingirmos que o que todos vimos não foi penálti? O futebol joga-se em campo e não nos jornais. E resumo o lance em duas palavras apenas: FOI PENÁLTI. Não tenho dúvidas que o Abel Xavier cortou a bola com o braço, evitando o golo, naquele célebre jogo de Portugal contra a França. Era disso que estávamos a falar, certo? É que tenho estado ausente nos últimos dias e não tenho acompanhado as notícias…

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segunda-feira, 16 de março de 2009

O mundo em rede


O fenómeno das redes sociais está em franca expansão. Pessoas e marcas posicionam-se na rede em busca de espaço, notoriedade e links que lhes abram novas redes, novos links. O fenómeno não é novo, mudou apenas o suporte em que este novo mundo se desenvolve. Já não são (apenas) os cafés que marcam territórios, grupos, tribos, mas também (e principalmente) as redes sociais na Internet. E como em tudo na vida há ainda os que não acordaram para o fenómeno; os que já marcaram posição, mas com uma tímida presença; e os que fazem destas novas ferramentas um fortíssimo utensílio de promoção e afirmação. No meio de tudo isto, começa a nascer uma tendência, um reflexo dos novos tempos em que ser jornalista é cada vez mais um sentimento do que o resultado de uma acção. Dizia alguém há uns dias no Twitter (penso que o Esgravatar), e com toda a pertinência, que as pessoas se ocupam a ler jornais escritos por estagiários quando os verdadeiros jornalistas estão no Twitter e no Facebook. A verdade é que as novas redes sociais vieram destapar uma vasta panóplia de opinion makers virtuais, muitos deles de enorme valor, mas que por um motivo ou por outro não saltaram para os media no momento certo, ou deles tiveram que sair. Uma realidade que revela friamente o potencial comunicativo de um enorme sector chamado “comunicação social”, mas onde poucos conseguem afirmação “oficial”. A prova é que o país e o mundo tentam encontrar formas, mais ou menos tecnológicas, de separar e retirar das redes o vasto conteúdo válido, assim como em tempos os motores de busca conseguiram orientar e motivar os muitos que na Net já andavam à deriva. Ficámos e ficaremos todos a ganhar.

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quarta-feira, 4 de março de 2009

Control(des)invest


Vários trabalhadores do “Jornal de Notícias”, do “Diário de Notícias”, do “24 Horas” e de “O Jogo” fazem hoje greve. São eles jornalistas, gráficos, técnicos e outros profissionais que se sentem injustiçados pela decisão de despedimento imposta pela administração da Controlinvest e pela recusa de negociação por uma solução que, defendem, parece existir. O problema é grave, afectará muitas famílias e deixará sem perspectivas (pelo menos na área da comunicação social) muitos profissionais. Por isso mesmo, o grupo lesado apela a uma reacção da sociedade civil para que juntos criem um movimento de solidariedade. O que está a acontecer, na prática, é mais uma réplica dos muitos sismos que abalam a economia. É mais uma redução numa “fábrica” grande, que deixará na rua mais de uma centena de trabalhadores. Custa mais porque é numa “produção” que conhecemos, em “produtos” que compramos. Mas possivelmente será tão legítima a redução em fábricas de calçado ou de componentes para a indústria automóvel, como o é para a Controlinvest. O investimento publicitário baixa, os lucros baixam, a estrutura ganha um peso maior. Em situações como esta a tendência é olharmos para o nosso umbigo. É isso que está a fazer quem protesta. É isso que está a fazer quem despede. Faz parte da natureza humana.

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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Um português de quatro patas


A informação é oficial. A família Obama já escolheu o próximo residente da Casa Branca: um cão de água português. A pergunta que me assalta o espírito é apenas uma: estarão os portugueses mesmo orgulhosos desta decisão? Ficaremos felizes por um espécime de quatro patas residir com o homem mais poderoso do mundo? Sentiremos nós que parte dos portugueses viverá, desta forma, naquela casa? Não sei se ria se chore… Percebo a euforia em torno de Ronaldo; compreendo o orgulho pelo sucesso de Mourinho; entendo a satisfação pelo desempenho de Durão Barroso. Não consigo perceber a alegria nem o espaço editorial dado ao tema do cão de Obama, ainda mais numa altura em que se comemoram os 200 anos de Darwin. É oficial: podem latir à vontade… descendemos dos macacos.

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Quantas máscaras tem Portugal?


Hoje é véspera de Carnaval. O país sai à rua vestido a rigor, numa parada para televisões verem, forçando uma energia que não tem, um ritmo que não é seu, uma tradição que, por mais que se insista, não é genuína. Veste-se a rigor, esquecendo por uns dias o que lhe vai na alma, as dores que lhe assolam o corpo. Veste-se de monstro, de bailarina, de palhaço. Veste-se de corrupto, veste-se de artista, veste-se de importante. Veste-se de tudo um pouco, sem saber ao certo o que quer esconder, o quer mostrar. Afinal de contas, quantas máscaras tem Portugal? Aos olhos do mundo, tem a máscara da fadista, que num choro contado elogia a saudade. Tem a máscara do rapaz das chuteiras, que incendeia os estádios e oferece taças a clubes com dinheiro. Tem a máscara do político, que cá dentro não faz milagres, mas que pelo mundo deixa a sua marca em cargos de relevância. Tem a máscara do atraso, onde a inovação custa a arrancar obrigando ao consumo do que é estrangeiro. Tem a máscara do sol, que também essa, e à custa de tantos desfiles, começa a ficar queimada e já sem cor. Tem a máscara da emigração, que esconde aqueles que vencem a pulso as pequenas, mas duras batalhas. Tem a máscara do silêncio, numa Europa onde só falam ricos e grandes. Tem a máscara da arrogância, quando de olhos em África ainda se sente metrópole. Tem a máscara dos oceanos, porque bem ou mal lhe pertence essa ousadia. Tem a máscara do futuro, porque é um país de gente dura que sonha um dia, e em jeito de bricadeira, usar máscara de pequeno num desfile de Carnaval.

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Crise vs Ambiente


A crise económica mundial é como o aquecimento global: podemos viver com ele, mas não podemos fugir dele. Seja em Londres ou em Tóquio, diminuem os lucros, sucedem-se as tempestades. A solução? Fazermos à nossa escala o que está ao nosso alcance. Cultivar o optimismo e a separação de lixos, não retrair o consumo nem a utilização de materiais recicláveis, incrementar a inovação e a aposta em energias limpas. Podemos resolver algum dos problemas? Seguramente não, mas conseguimos equilibrar a ansiedade provocada por este clima de pré-fim-do-mundo em que mergulhámos. Mas cuidado: embora o mundo não morra da crise, com a rapidez com que o ambiente se vai degradando... poderá é morrer em crise.

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